sábado, 22 de dezembro de 2012
Vivendo!!!: Meu pai – um grande exemplo
Vivendo!!!: Meu pai – um grande exemplo: Quando comecei a fazer parte da Associação dos Jovens Empresários e Empreendedores do Tocantins (Ajee – TO) passei a estudar sobre empre...
Meu pai – um grande exemplo
Quando comecei a fazer parte da
Associação dos Jovens Empresários e Empreendedores do Tocantins (Ajee – TO)
passei a estudar sobre empreendedorismo, de uma maneira que eu nunca havia
feito. Inevitavelmente aprendi que o empreendedor nato é aquele que vê nas
adversidades fórmulas para o crescimento e para o sucesso.
A cada novo aprendizado, a cada
novo case e a cada nova pessoa que eu conhecia e que buscava a sua história de
empreendedorismo eu lembrava, cada vez com maior intensidade, do meu pai. Este
ano um dos grandes temas de destaque no cenário empreendedor foi a educação
empreendedora e foi aí que meu pai sempre veio com mais intensidade nos
exemplos que eu via.
Antes que me perguntem ou que me
questionem eu preciso dizer que sim, sou completamente apaixonada no meu pai.
Também preciso dizer que meu pai, graças a Deus, é vivo, saudável, mora com a
gente e tem uma excelente relação com todas as três filhas e esposa. Isso quer
dizer que esse texto não é um de mural de lamentações.
Ahh Fernanda, então porque você
está escrevendo isso? Ao fundo não sei, mas como deu vontade e como eu acho que
muitas vezes temos excelentes exemplos próximos da gente e deixamos escapar
resolvi escrever. Olha só: meu pai é o filho mais velho de uma família humilde de
dez filhos. Por conta das circunstâncias, da educação da época e do meio em que
viviam, meu pai não pode terminar os estudar o fazer uma faculdade, assim como
muitos brasileiros da idade dele.
Porém, ao contrário de muitos,
meu pai sempre viu a educação como ferramenta principal para o desenvolvimento
e crescimento do ser humano. Recordo que, mesmo nos momentos de crise e de
dificuldades financeiras acentuadas,ele sempre fez questão que eu, e minhas
duas irmãs, estudássemos em boas escolas e que nos dedicássemos aos estudos.
Na minha casa podia faltar
dinheiro para ter carro do ano, aparelhos eletroeletrônicos, roupas novas – e,
isso ocorreu várias vezes – mas não faltava o incentivo para a leitura e para
os estudos. Quantas vezes ouvi do meu pai, e da minha mãe também, que era através
dos estudos que eu iria crescer e conquistar o que eu queria. Recordo-me que varias foram as vezes que meus
presentes de aniversário e de Natal eram livros, coisa rara de acontecer em famílias
mais humildes. Mais raro ainda de ocorrer quando o chefe da família, nesse caso
meu pai, não tem o nível médio completo.
Rara também é o quanto meu pai –
minha mãe também – são pessoas interessadas em leitura e em informações. Quer
fazer um teste? Eu fiz esses dias e até achei graça, por que a cena se reprisou
várias vezes ao longo da minha vida. Entre na minha casa com uma revista,
jornal, livro e deixe próxima do meu pai. Antes do material encostar na superfície
ele já pegou para ler e ver o que é. Ele tem uma sede de informação e de
conhecimento que eu encontro em poucas pessoas.
Neste caso, preciso reconhecer
que não é só com a leitura. Toda a forma de informação o atrai e o deixa
fascinado, rádio, jornal, internet e tecnologia. E como ele é interessado,admirador
e exigente com a tecnologia. Não consigo esquecer quando, na época em que eu abri
uma produtora de vídeo com dois amigos, e fui passar um final de semana na
fazenda. Como sempre, levei uma câmera fotográfica. Ele falou para mim que
fotografia era coisa ultrapassada, que tinha que levar uma filmadora que
captava movimento, luz.. ainda me disse que no vídeo podíamos captar
sentimentos.
Bom voltando ao meu pai e ao seu
exemplo.. Além da busca pelo conhecimento e pelo incentivo que ele sempre impôs
na nossa educação para isso, preciso destacar a sua capacidade de vencer as
adversidades e continuar persistente e pensar positivo diante das adversidades.
Que meu pai é um otimista incorrigível
é verdade. Ele sempre pensa que vai dar certo, que as coisas vão se tornar
melhores e que não podemos perder a fé e as esperanças. Não me lembro, em
nenhuma vez na minha vida, de vê-lo desanimado, triste e abatido com as
dificuldades. É óbvio que já ficou, mas nunca deixou transparecer para não nos
abater e nos preocupar. Isso, eu acho que é chamada liderança que tanto nos
cobram no mercado de trabalho.
Outra coisa que sempre me faz
lembrar meu pai é o quanto ele incentiva e nos faz buscar a independência e a
realização nos nossos sonhos. Quando eu via os pais das minhas amigas
incentivando-as a fazer concurso público, meu pai me incentivava a ser
competente e competitiva para buscar a liderança no meu segmento no mercado de
trabalho; quando o pai de todas passava a mão na cabeça e amenizava as falhas,
o meu mandava eu fazer uma analise dos meus erros e ver onde falhei e onde
deveria melhorar.
Meu pai não foi severo, não foi
duro, não foi violento e nunca agressivo. Nenhuma de nós – somos três irmãs –
jamais apanhou ou ouviu gritos do meu pai, mas tenho certeza que fomos educadas
com maestria e em um ambiente voltado para
a educação, empreendedorismo e motivação.
Não posso afirmar que nos tornamos grande expoentes, mas também não
fracassamos – aliás esta é uma das palavras que me amedrontra – e tenho certeza
que a fórmula educacional adotada pelos nossos pais prosperou!
domingo, 4 de novembro de 2012
Cada um sabe a dor de adaptação e o peso da máscara que usa
Já faz um certo tempo que não escrevo sobre
mim e sobre o que sinto. É até engraçado que a maior parte dos posts do meu
blog pessoal sejam depressivos. Sou uma pessoa alegre, inclusive lembrada por
isso, porém sempre venho até aqui é por que estou triste ou me sentindo um
pouco perdida!
É complicado reconhecer isso!
Sempre ouvi dos meus amigos, desde pequena, que eu era determinada e que sabia
o que queria. O que eu quero eu sei, mas será que o fato de saber o que eu
quero vai garantir que eu não fique perdida nos caminhos? Seria completamente
fácil e simplista se a vida nos oferecesse apenas o caminho verde como o
correto e o vermelho como errado.
Feliz ou infelizmente são
inúmeros os caminhos que se abrem diariamente em nossas vidas. Como saber se os
caminhos azul, rosa, laranja, branco, lilás e de todas as outras inúmeras cores
vão nos fazer bem ou mal? Criar máscaras para tentar criar barreiras de
proteção contra a decepção, medo e frustração é bom ou ruim? Tentar inventar
mecanismos que ligam e desligam sentimentos é bom ou ruim?
Não consigo saber e também não consigo saber
se é correto usar desses artifícios. Quem sabe a única coisa correta seria
viver sem medo. Eu conseguiria arcar com os ônus disso? Quem pode me garantir
que sem os mecanismos de autorregulação eu seria uma boa pessoa? Há 50% de
chances de ser uma pessoa extremante ruim! Conter os riscos é uma das regras da
pós-modernidade não é?
Uma vez um amigo, isso há
exatamente 9 anos, me disse que o meu grande problema é que eu era apaixonada pela
literatura e, sendo assim, eu me apaixonava pelos personagens que faziam parte
do mundo que eu criava entre os livros e eu. Este meu amigo me disse ainda que eu
não conseguia tolerar as pessoas que não conseguiam penetrar o meu mundo, por
não terem conhecimento dos personagens ou dos livros. Acho que ele tinha um
pouco de razão.
O meu mundinho da arredoma é bem
mais interessante. Lá as pessoas são descritas e explicadas em capítulos, mesmo
os personagens mais fascinantes e imprevidiveis já foram explorados e
decifrados. O mundo real é um desafio maior, um grande desafio que, com muita frequência,
quero me desligar dele para correr o risco de fracassar em alguma batalha. O
medo do fracasso me assusta. É o medo mais aterrorizante! É quase impossível
conviver com ele.
Para disfarçar esse medo é
preciso diariamente inventar e reinventar mecanismos que controlam a ansiedade,
a frustração e o medo. Vivo falando que queria ser como os vampiros que simplesmente decidem desligar a
humanidade e deixam de sentir e de se importar com tudo que acontece na vida.
Deve ser interessante viver o tempo todo no estilo “play the game”.
Qual o preço disso? Sofrimento,
isolamento, medo, terror! Essas são as descrições para a ficção. Para o mundo
real os substantivos seriam depressão, pânico, solidão, crise. Acho que o
Damon, do Diário do Vampiro, seria o personagem que mais representaria o meu
sentimento com relação a isso tudo.
O Damon é um vampiro de 250 anos.
Pode escolher entre se importar ou não. Se controlar ou não. Por décadas viveu
sem se importar, com o botão da humanidade desligado. A única coisa que o fazia
mudar de opinião ou desistir de alguma intenção era o risco de morte, se for
certo falar que um vampiro é um ser vivo, do seu irmão Sthefan –que foi
transformado junto com ele. O elo de sangue, tanto na ficção quanto na vida
real, sempre fala mais alto.
Pelo Sthefan optou por viver com
a humanidade ligada– apesar de negar isso diariamente a todos, inclusive a si
próprio. Pelo Sthefan passou a se preocupar com amigos, com as pessoas da
cidadezinha onde estão vivendo e com o futuro. Mas não admite e não demonstra
isso. Sempre ajuda quem precisa, quando é necessário, salva mocinhas, ajuda a
cidade. Porém sempre arranja um pretexto para afirmar que o que ele fez não foi
por ninguém e sim apenas por ele próprio, pro Sthefan não “torrar sua paciência”.
O Damon é o especialista em
mostrar ser quem não é. Completamente nobre, encantador e inteligente, faz
questão de aparecer como egoísta, mesquinho e fútil. Prefere que as pessoas não
mostrem bons sentimentos com ele, para que não precise se apegar, se preocupar
e sofrer com a perda. Imaginem que como vampiro ele já deveria ter se
acostumado com a perda, afinal ele é imortal.
Na imortalidade enfadonha, na
qual a maior parte das coisas que acontecem são repetições de sentimentos e
situações criadas pelas vontades humanas, o Damon tem medo de sentir e de viver
de verdade. Prefere apostar na superficialidade e no distanciamento para não
sofrer com a perda. É o tipo de personagem que vai, liberalmente, até o
inferno, para salvar um amigo mas não quer um obrigada.
O Damon usa a máscara da frieza
para esconder o medo de se apegar e ter mais pessoas por quem sofrer o medo da
perda, com o qual ele convive diariamente graças ao Sthefan. O vampiro tem medo
de perder o irmão que é o único elo que tem com a época em que eram humanos e
que podiam viver e sentir como todas as outras pessoas. E por esse medo o Damon
é incompreendido e detestado.
O Damon, mesmo sendo um vampiro e
como ele diz um caçador, não consegue segurar a sua máscara o tempo. Ela cai e
as pessoas percebem que ele não é tão egoísta e distante quanto quer demonstrar.
O problema é que ele não abre espaço para as pessoas se aproximarem. O medo,
que ele tanto abomina, faz com que ele afaste as pessoas. Ele considera a
solidão melhor que a decepção.
Não consigo dizer se o Damon está
certo ou errado. Cada um sabe e sente o peso da máscara que carrega e da dor
que ela causa na adaptação ao rosto. Lembram do Homem da Máscara de Ferro? É mais
ou menos daquele jeito! O correto então
seria que as pessoas nos vissem além das máscaras?
Não posso responder, até por que
não sei se deixamos elas se aproximarem a ponto de entender o que é mascara ou
não! Na sociedade da imagem estamos, como Damon, sofrendo em máscaras que tem
um peso, muitas vezes maior, do que podemos suportar.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Um pouco de mim!
Eu sempre me senti muito sozinha. Na infância
cercada de gente me paparicando eu sentia que era preterida, que as pessoas
gostavam menos de mim do que das outras crianças. Achava que meus pais
preferiam minhas irmãs. Os meus avós eu julgava que preferiam meus primos e eu
me considerava sozinha.
Na adolescência a coisa foi piorando por que
mesmo cercada de grandes amigos e amigas, que tenho até hoje, eu me sentia
sozinha, isolada. Não entendia o porque. Em épocas eu julgava que as pessoas se
afastavam de mim por que eu era feia. Em outras épocas eu achava que era por
que nossos interesses não eram compatíveis, já que esta época eu fugia dos meus
medos e dos meus questionamentos me enfiando em leituras. E por isso sentia uma falta imensa de pessoas
com quem eu pudesse “trocar figurinhas” sobre as obras de Érico Veríssimo,
Machado de Assis e Agatha Christie, Sidney Sheldon, Jorge Amado e Eça de
Queiroz, que eram os meus “preferidos” aos quinze anos.
Acho que era uma pessoa estranha que oscilava
entre a necessidade gritante de ser popular e de uma ânsia agonizante de ter
conhecimento. E eu sofria nesse conflito e não percebia que eu estava cercada
de pessoas que me amavam pelo que eu era e que me admiravam pela minha busca de
conhecimento e pela dedicação aos amigos.
Era uma oscilação em polos tão distintos que
hoje eu analiso e me assusto. Queria incessantemente ser como a Sandy, linda
meiga, querida e admirada. Mas, em contrapartida, eu era apaixonada por Hilda
Furacão, personagem principal de uma obra literária que virou minisserie de TV
e que foi interpretada por Ana Paula Arósio. Queria a força, a determinação e
no fundo a admiração que todos, mesmo os que detestavam Hilda Furacão, tinham
pela personagem.
No ensino médio me cerquei de quatro ou cinco
amigos, na verdade grandes amigos. Achava que as outras pessoas não tinham o QI
equivalente ao nosso, que não tinham a nossa simpatia e nem o nosso bom gosto
para as roupas. Afinal, estava deixando de lado a menina meiga que chorava por
ser se sentir excluída para ser uma pessoa um pouquinho mais forte e mais dura.
Na época da faculdade criei uma espécie de
rejeição ao estereótipo que fizeram dos alunos do meu curso. Tudo que eu não
queria era ser como eles. No fundo eu entendo que não queria ficar no meio
deles e me sentir apagada, como mais uma entre tantos. Não queria ser militante
de esquerda, não queria recitar Karl Marx, não queria subir a serra e ir passar
finais de semana em festas alternativas em Taquaruçú. Não conseguia me ver uma
“riponga”.
Por isso construí amizade e relacionamentos
fora desse circulo. Na faculdade eu era amiga dos meninos e das meninas na
Engenharia Ambiental, que na época não era curso de ripongas, a ponto de
algumas pessoas acharem que eu fizesse este curso. Considerada por professores
e por profissionais como uma pessoa
talentosa eu sofria ao ver trabalhos ruins sendo desenvolvidos, profissionais
medíocres sendo ovacionados e, principalmente, em ver a falsidade imperar.
Queria muito mudar isso.
Me formei cheguei ao mercado de trabalho cheia
de gás e de ideias novas. Passei por agencias, produtoras, redações,
assessorias, escritórios de eventos e percebi que a mesma inquietude da minha
infância continuava dentro de mim. A insegurança de não ser aceita, o medo da
rejeição, o medo de se taxada de feia ou de burra, um medo gigantesco de ficar
sozinha, isolada. E, por causa desse medo me isolei diversas vezes. Me escondi.
Evitei rodas sociais, confraternizações. Construía relações profissionais, com
medo de abrir a guarda e permitir que relações pessoas me magoassem ou que
descobrissem que não era exatamente como a máscara que eu mostrava.
Criei uma arredoma, um campo de força onde
apenas as pessoas que eu julgava com merecimento podiam entrar e conhecer a
verdadeira Fernanda. E era inevitável
que as pessoas de fora questionassem os frequentadores da arredoma como era
possível conviver com a pessoa
insensível, dura e rude que estava fora do campo de força.
Nessa época eu acreditava que se eu me tornasse
totalmente fria e sem sentimentos, uma espécie de “Dama de Ferro”, seria mais
fácil ser feliz. Um grande engano. Sofri demais com isso. Como toda escorpiana
sou possessiva e obstinada e cuido do que é meu. Isso inclui meus amigos.
Demorei a entender que o fato deles serem meus amigos não os impedia de ser
amigos de outras pessoas e nem os obrigava a ter que concordar com tudo o que
eu pensava. Na verdade, hoje eu tenho
certeza que meus melhores amigos são aqueles que sempre tiveram coragem de me
falar de peito aberto e sorriso no rosto que eu estava errada e que eu não me
conhecia o suficiente para saber o que eu queria da vida.
Quantas vezes me disseram “saia da Terra do
Nunca. Tire a armadura. A vida é mais fácil e mais gostosa do que essa guerra
que você trava diariamente entre as duas pessoas que você vive. Você e o seu
personagem”. Demorei a entender o verdadeiro significado disso. Precisei encontrar uma pessoa com que me
identifiquei demais e que me vejo nela há 10 anos para entender o que me diziam.
Com cinco anos a menos que eu, uma amiga, que
já é extremamente especial, repete os mesmos erros e me faz voltar a situações
praticamente idênticas as vividas por mim e me faz repensar em todos os meus
conceitos. Nessa revisão de valores percebi que tive a melhor infância do
mundo. Com pais amorosos,atenciosos e dedicados. Com duas irmãs meigas, lindas
e determinadas e com amigos que amam ao ponto de suportar junto comigo todas as
crises que vive até hoje.
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