sábado, 18 de junho de 2011

Falta

É complicado perceber que o tempo passa e os nossos sonhos de infância nem sempre se realizam. Na verdade, a palavra não seria complicada. Acho que tem mais haver falar que é duro descobrir que você não pode tudo, que sua vida não é um conto de fadas e, que na vida real os bons nem sempre saem vitoriosos.

Mais e mais sonhos vão se perdendo, durante nossas vidas, Vamos amadurecendo e criando casquinhas de defesa, que as vezes se tornam tão espessas que nem a gente mesmo se encontra debaixo dela. Eu sinto muito essa situação. Tornou-se comum eu escutar a frase: Cadê a menina meiga, soridente e que achava que sempre podia tudo? Nossa ela era ótima!

E isso vai dando uma saudade da pessoa que eu era. Não que eu não goste de quem me tornei. Mas sinto falta da inocencia, da simplicidade, da felicidade encontrada nas pequenas coisas. E, tem pequenas coisas que não se esquece de tão importantes que se tornam nas nossas vidas.

Tenho um exemplo claro e nítido de uma situação que me fez imensamente feliz e que não foi preciso grandes gestos, grandes mobilizações ou grandes investimentos financeiros. Eu devia ter uns cinco anos de idade, meu pai trabalhava fora da cidade em que eu morava. Meu elo de ligação com ele sempre foi muito forte, quem me conhece as vezes acha até estranho.

Minha mãe me acordou para ir a escola, eu estudava pela manhã, me arrumei, peguei os materiais e fui para a cozinha tomar café. Quando olhei no cantinho da porta que dava para o quintal estavam os sapatos do meu pai. Ele sempre os deixava ali quando chegava em casa. Meu pai gosta muito de ficar descalço. Só de ver o par de sapatosn ali colocados meu coração se encheu de alegria. Sentei na mesa, sem nada comentar, e tomei café com a minha mãe, que em um determinado momento disse que meu pai havia chegado.

Eu firme, positiva e me sentindo adulta disse a minha mãe: Eu sei. Já vi o sapato dele. Mas não quis acordar ele. Deve estar cansado.

Dessas alegrias e destes momentos simples eu sinto muita falta. Sinto falta de ter coragem de falar : amiga to triste me dá um abraço... Sinto falta de reconhecer que, em muitas vezes, o que mais preciso é do colo da minha mãe... Na verdade, sinto falta da Fernanda que não precisava ser armar com medo de alguém tentar atingí-la.

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