A moda e a sociedade

Moda!!

Quando ouvimos, lemos ou pensamos nesta palavra a imagem que logo nos remetemos é aquela de modelos glamurosas nas passarelas. Esquecemos que a moda vai além das passarelas, e de sua ditadura rígida e inacessível e beleza e, que faz parte da expressão humana.

Podemos conectar a expressão moda com a expressão tendência. Principalmente quando usamos termos como “vestido balonê está na moda” ou “é fora de moda fazer festa de noivado”.Mas moda é muito mais que isso. Como profissional de comunicação social sei que a moda é uma poderosa arma de expressão, combate a repressão e um forte símbolo de resistência.

Para exemplificar isso vou citar uma personagem de cinema. Semana passada assisti a um filme chamado “A condessa”. A moça – como era de costume no século XVII – casou por interesses financeiros – sua família escolheu um bom partido e fez com que a aliança fosse realizada. Mas ela não era feliz em seu casamento. Ansiava muito mais que ser esposa decorativa, que morar em uma magnífica mansão e ter um título da nobreza.

Certa de que de nada adiantaria lutar, gritar, esbravejar para mudar a situação de opressão vivida por ela e por tantas outras mulheres, “a condessa da moda” –como ficou conhecida – passou a usar suas roupas, sua maneira de vestir , agir e comportar para modificar o comportamento retrogrado da corte. E, deu certo! Em pouco tempo, as mulheres passaram a copiá-la na forma de vestir – isso seria lógico e fácil de acontecer, por que ela era a esposa do homem mais poderoso de Londres – e de questionar a realidade. Pelo poder permitido à mulher no época da “Condessa da moda” poucas foram as mudanças reais, mas o principal foi feito: a mudança no espírito feminino. As mulheres viram que mesmo dependentes econômica e socialmente elas não precisavam ser submissas e sem personalidade.

Eita!! Deixa eu parar com meu manifesto feminista e voltar ao tema central do post que é a moda!! Para entender a mensagem que eu quero deixar sobre o que é a moda, acho que é necessário entender o histórico da moda. Eu, pelo menos, só consegui entender o que estou tentando dizer a vocês após compreender a evolução histórica da moda. Até por que, a moda, como qualquer outra evolução humana, está extremamente ligada ás evoluções econômicas, industriais e de poder. È claro, sempre o poder! Estou quase falando que é ele que gere o mundo e suas mudanças. Se não ele, a luta por ele.

O conceito de moda apareceu no final da Idade Média (século 15) e princípio da Renascença, na corte de Borgonha (atualmente parte da França), com o desenvolvimento das cidades e a organização da vida das cortes. A aproximação das pessoas na área urbana levou ao desejo de imitar: enriquecidos pelo comércio, os burgueses passaram a copiar as roupas dos nobres. Ao tentarem variar suas roupas para diferenciar-se dos burgueses, os nobres fizeram funcionar a engrenagem — os burgueses copiavam, os nobres inventavam algo novo, e assim por diante. Desde seu aparecimento, a moda trazia em si o caráter estratificador.

Naquela época, não havia sequer sombra do conceito de estilista ou costureiro. Somente no final do século 18 uma pessoa seria responsável por mudanças "assinadas", quando Rose Bertin ficou famosa por cuidar das toilettes da rainha Maria Antonieta (1755-93) — célebre pela vaidade, extravagância e gosto por grandes festas.

Aos poucos, a velocidade das mudanças no vestuário foi aumentando. Na sociedade democrática do século 19, apareceram necessidades mais complexas de distinção; a moda se prestou a deixá-las tão evidentes quanto possível e, daí, se espalhou por todas as camadas sociais. A moda passou também a atender às necessidades de afirmação pessoal, do indivíduo como membro de um grupo, e também a expressar idéias e sentimen-tos. ² Antes, não havia distinção entre os tecidos usados por homens e os usados por mulheres; é no século 19 que o vestuário desses dois grupos se afasta cada vez mais (restrito para os homens, abundante para as mulheres, donde a moda ser mais comumente associada às evoluções do vestir feminino).

Viram só? Como eu já havia dito antes, a moda é uma ferramenta poderosa. Ela serve para dividir, segmentar, gerar desejos. È muito mais que a ciência que dita como devemos nos vestir.